segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

LOUVORZÃO


Minha colega de trabalho, bióloga e especialista em educação, Elisangela Teixeira deu-me um belo presente: um disco com uma seleção de músicas da inesquecível conterrânea Elis Regina – entre outras pérolas da música brasileira e internacional. 

Das músicas que não me saem da cabeça está a simplesmente maravilhoooooooooooosa “Querelas do Brasil”. Há algum tempo venho ouvindo muitíssima música brasileira. Mas não brasileira apenas no ritmo, senão, sobretudo, em seu conteúdo. E essa a que me referi é simplesmente espetacular. Claro que os autores fazem a diferença. Agora, a interpretação da Elis está impecável. Aqui é possível perceber os porquês dela ser considerada uma das melhores cantoras que este país já teve. Note-se, por exemplo, suas nuances vocais ao diferençar Brazil de Brasil. 

Fico imaginando se nossas “irmãs” quisessem imitá-la um pouquinho. Como melhoraríamos a arte do “louvor e da adoração”. Ah, se nossas 'valadonas' aprendessem um pouco mais sobre o riso na hora de cantar e um pouco menos de chororô... 

A fim de melhorar a audição do vídeo, resolvi 'colar' a letra. Ainda bem, que em termos de letra/poesia com conteúdo já temos alguns 'iluminados' como João Alexandre, Jorge Camargo, Stênio Marcius, entre tantos e tantos outros. Esses, porém, ao contrário do que deveria ser, estão escondidos da 'grande mídia eclesial'. Talvez o bom disso é que eles não precisam vender-se. 

Mas ainda falta a ousadia dessa gaudéria nos templos. A riqueza de sua interpretação. Falta, acima de tudo, um cristianismo que além de criativo seja, de fato, com a nossa cara, com o nosso cheiro; que cante as nossas conquistas e reflita sobre as nossas mazelas. Assim como a “Querelas...”, abaixo: 


QUERELAS DO BRASIL

Composição: Maurício Tapajós, Aldir Blanc

Interpretação: Elis Regina


O Brazil não conhece o Brasil 

O Brasil nunca foi ao Brazil 
Tapir, jabuti, liana, alamandra, alialaúde 
Piau, ururau, aqui, ataúde 
Piá, carioca, porecramecrã 
Jobim akarore Jobim-açu 
Oh, oh, oh 

Pererê, câmara, tororó, olererê 
Piriri, ratatá, karatê, olará 

O Brazil não merece o Brasil 
O Brazil ta matando o Brasil 
Jereba, saci, caandrades 
Cunhãs, ariranha, aranha 
Sertões, Guimarães, bachianas, águas 
E Marionaíma, ariraribóia, 
Na aura das mãos do Jobim-açu 
Oh, oh, oh 

Jererê, sarará, cururu, olerê 
Blablablá, bafafá, sururu, olará 

Do Brasil, SoS ao Brasil 
Do Brasil, SoS ao Brasil 
Do Brasil, SoS ao Brasil 

Tinhorão, urutu, sucuri 
O Jobim, sabiá, bem-te-vi 
Cabuçu, Cordovil, Caxambi, olerê 
Madureira, Olaria e Bangu, Olará 
Cascadura, Água Santa, Acari, Olerê 
Ipanema e Nova Iguaçu, Olará 
Do Brasil, SoS ao Brasil 
Do Brasil, SoS ao Brasil


Levi Nauter

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

SERÁ QUE É NOIA?


Veja irmãos o lugar que eu andei
Falo do anjo que eu pude contemplar
Ele é lindo, estreito e maravilhoso
E o nome do lugar é Labassurionderrah

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos, que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele tem as vestes brancas, olhos de fogo, meus irmãos
Só lhes falo do que pude contemplar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos, que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele é alto, e o cabelo encaracolado, meus irmãos
Só te falo do que eu pude contemplar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

Veja irmãos o que eu ainda vou falar
Deste anjo que eu pude contemplar
Ele é lindo, estreito e maravilhoso
E o nome deste anjo é Labassurionder...

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

I - flá - flá - flá - flá
Ifa - Labassurionderrah
I - flá - flá - flá - flá
Não diminuo, e nem também posso aumentar

PARA OUVIR A PÉROLA: http://www.mp3tube.net/br/musics/Graca-Ramalho-Labassurionderra/64466/

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

SOB NOVA DIREÇÃO...


Outro dia passeando com minha familia, vi uma lanchonete na qual iamos sempre comer lanches, com uma faixa escrita  "SOB NOVA DIREÇÃO"...É claro que não quero falar da lanchonete...mas isso me chamou atenção para minha propria vida.

Está complentando um ano, que me desliguei de uma instituição, onde fiquei por longos dez anos, muito tempo...sendo formado, discipulado e dirigido por um evangelho totalmente desviado das verdades do evangelho de Cristo.
E o incrivel é que acostumamos, porque o ser humano, e isto está provado cientificamente, é capaz de se acostumar com as coisas mais terriveis e sobrehumanas, que se tem noticia.
E eu me acostumei, em ser guiado e dirigido, por coisas terriveis, e o pior é que arrastei toda minha casa junto comigo.

Hoje lembro-me, por exemplo em fazer pedágios (forma de coletar dinheiro na rua), era uma loucura, até minha esposa com um bebe ainda de colo, ia comigo para esses pedágios, porque conforme aprendia: Isto era obra do Senhor...

E ai eu pergunto que "direção" era esta? 

Me lembro também, em fazer desafios (forma de coletar dinheiro dentro da instituição), desafios esses que eram grotescos, porque muitas vezes até passei e fiz minha familia passar por necessidades, porque conforme aprendia: Isto era obra do Senhor...

E ai outra vez, pergunto que "direção" era esta?

Me lembro também, dos dias de cultos, eram reuniões todos os dias da semana, alguns dias haviam até três reuniões, passava mais horas e dias na instituição, do que com a minha esposa e filhos, não tinha tempo para familia, amigos, diversão, cultura, porque conforme aprendia: Isto era obra do Senhor...
 
E ai outra vez, pergunto que "direção" era esta?

E hoje posso responder com toda certeza, esta era a "direção", de quem sabe manipular, isto é sim a vampirização do evangelho, isto é direção de quem quer pra si e não pro reino de Deus, gente que quer ter controle total sobre as pessoas.
Hoje consigo enxergar com toda clareza, e vejo como fui mal dirigido...
Alias como me deixei ser dirigido por tais pessoas...

Hoje graças a Deus, estou com uma placa enorme na minha vida que diz "SOB NOVA DIREÇÃO"...agora não mais de homens ou instituições, agora somente sendo dirigido pelo evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E garanto, como isso é bom...tirou um peso, um fardo, hoje a vida é mais leve, hoje posso refletir do que realmente significa o Evangelho de Jesus.
Hoje vivo o total desapego do ter, para simplesmente ser...ser pai, marido, filho, irmão, amigo, ser gente...e como é bom isso...

Vejo tantas pessoas ainda neste martirio religioso, tantas pessoas que se deixaram e se deixam ser dirigidas por instituições e lideres fraudulentos, que a única coisa que me resta a fazer, é pedir ao Senhor da seara, ajude eles, dê luz a eles...
E quem sabe um dia, assim como eu, todos esses vão pendurar uma placa bem grande na vida deles "SOB NOVA DIREÇÃO".

Olavo Jr

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

MAIS UM BESTEIROL EVANGÉLICO


Quem gosta de filmes com certeza sabe avaliar e dizer que, da década de 90 para cá, os filmes de comedia são de baixa qualidade. Foi por isso que, no ano de 2001, os estúdios de Hollywood lançaram um filme chamado “não é mais um besteirol americano”. Mas foi, apenas, mais um filme de comedia ruim.

Por que estou dizendo isso: é porque tenho encontrado no meio da igreja evangélica muita similaridade com estes filmes. A baixa qualidade nas pregações/ensino realizadas nos púlpitos e as histerias que tais discursos provocam, são idênticas aos filmes de comedia de Hollywood.

Esta deficiência nos sermões de hoje é fruto de uma distinção que ocorre principalmente em igrejas pentecostais: a distinção entre pregação e ensino.

Para um crente pentecostal, pregação de qualidade deve conter: citação de vários trechos da bíblia; sessão de revelação; falatório noutras línguas; o uso de chavões; o pregador deve sair em disparada falando freneticamente por alguns minutos e quase sem tempo para respirar; gritaria e histeria para todos os lados; e mais um monte de coisas que só alienam, mas não alimentam.

Para estes, o que aconteceu no dia em que Jonathan Edwards pregou seu sermão “pecadores na mão de um Deus irado”, em que a multidão entrou num frenesi desvairado, é referencia de “avivamento” e de pregação bem sucedida.

Já o que eles chamam de ensino é: todo o ato de ministrar a Palavra com ótima exposição do texto; o pregador expor, com calma e sobriamente, o conteúdo proposto; não se tem gritaria, ou seja, todo mundo fica quieto e prestando atenção; nos cultos de ensino não se tem sessão revelação. Resumindo: ensino, para estes, é todo o ambiente pacificado e tranqüilo, onde a histeria passa de largo.

Porém, toda esta tentativa de diferenciar as duas coisas não passa de tolice, pois tenho uma noticia a dar a todos estes que assim pensam: não existe diferença entre ensinar e pregar. Tanto na etimologia, como na prática, a execução de ambas as palavras se dão da mesma maneira. Logo não existe diferença alguma. Porque a pregação do Evangelho é o ensino da Palavra e o ensino da Palavra é a pregação do Evangelho.

Toda esta tentativa de criar um conceito se deve as seguintes coisas:

  1. Porque a filosofia que rege o atual sistema já está presente nos arraiais eclesiásticos: No nosso sistema atual valorizam-se as aparências – não importa se você é, o importante é parecer que é – e isso já entrou na igreja faz muito tempo. Não importa se tais manifestações são vindas de Deus, o importante é ter num culto tais manifestações.

 

  1. Porque estamos vivendo a época onde a consciência já não tem mais espaço; o que vale hoje é massificação dos sentidos: os crentes pentecostais acham que o conhecimento na Palavra promove o esfriamento da fé, por isso, existirem, em algumas igrejas, ainda, a aversão a teologia. O negocio no meio evangélico é sentir arrepios daqui, dali, para permanecer num constante estagio de infantilização da consciência.

 

  1. Porque na cabeça de muitos crentes essas manifestações são as provas mais evidentes da existência de Deus: nesta hora, contraria-se a própria Palavra: enquanto Paulo adverte aos cristãos de Corinto para que não promovessem a histeria coletiva, pois não há edificação em nada disso, hoje queremos demonstrar as pessoas que Deus existe por meio de tais praticas.

O que nós precisamos entender é que em nenhuma parte da Bíblia você encontra Jesus eufórico, cheio de discursos entusiástico; pelo contrario, nós percebemos Jesus ensinando com toda a humildade, mansidão e tranqüilidade. E todo este gesto de Jesus pode ser percebido em um de seus ensinamentos: quando ele ensinou que o Reino é das criançinhas.

Agora ensinar desse jeito não causa admiração (exterior), não promove discursos com muita gritaria (exterior), não arranca muitos chavões do publico (exterior), não cria atmosfera para a adoração-histeria (exterior); mas ensinar assim promove a construção do caráter (interior), ajuda na caminhada para a pacificação dos sentidos (interior), auxilia no crescimento da consciência (interior) e nos ajuda a re-vermos nossos princípios (interior).

O meu desejo e anseio é que voltemos o nosso olhar para Jesus, a fim de que, com sua simplicidade e observando seu modo de viver e agir, aceitemos que para Jesus, pregar é ensinar e ensinar é pregar.

Pois esta é a grande lição: o poder da pregação não deve ser medido pela capacidade de causar arrepios ou fazer uma multidão, euforicamente, glorificar a Deus. O poder da pregação é a capacidade dele transformar mentes reprováveis e cheias de complexificações, em mentes que consigam crescer na graça, no conhecimento e na simplicidade do nosso Salvador.
Se na hora da mensagem não acontecer tal lição saiba: Isso não passa de “mais um besteirol evangélico-americano”.

Nele, que foi manso e humilde enquanto pregado

Victor