sábado, 25 de julho de 2009

Cansado de gente cansada de igreja!


Jarbas Aragão


Durante minha caminhada cristã, desde 1993 para ser mais específico, encontrei com todo tipo de crente. Gente que ama e gente que odeia a igreja. Gente que se alegra pelo crescimento dela e gente que se desespera com isso. Gente que acredita na instituição e gente que não acredita. Eu mesmo já tive altos e baixos na fé, já troquei de igreja, de denominação e de “ministério” amais de uma vez. Os motivos foram vários, desde uma questão de geografia até a mais pura e simples incompatibilidade teológica com o(s) pastor(es). Também já tive um tempo (curto) fora da igreja. Sei como se sentem os que saem da igreja.


O que me faz repensar muitas vezes até que ponto essa aparente crise de confiança na instituição que parece ter se popularizado nesta era da internet. Tenho visto nas redes sociais e nos blogs que se multiplicam diariamente muita gente só reclamar da igreja. Alguns apenas repetem o mantra “Jesus não fundou uma igreja”, outros foram profundamente ofendidos/feridos por algo ou alguém dentro de uma igreja e reagiram. De um tempo pra cá surgiram vários livros sobre o assunto, tanto nacionais quanto traduzidos. Lembro dealguns: Igreja? To fora (Ricardo Agreste), Igreja: por que me importar? (Philip Yancey), Igreja? e eu com isso (Ariovaldo Ramos) e mais recente o candidato a best seller “Por que você não quer mais ir à igreja” de Wayne Jacobsen e Dave Coleman.


Sejam os livros, sejam o blogs, todos tem seus argumentos (pró e contra) e certamente bons motivos para estimular seus leitores a irem (ou não) à igreja. Até ai eu entendo e posso concordar. O que eu não entendo é porque vemos tanta gente agir da mesma maneira que os que ele condena agem. Eu explico. Leio textos de pessoas que atacam a instituição igreja com tanta convicção e paixão que acabam mostrando o mesmo tipo de intolerância com quem pensa diferente quanto tem/teriam os membros das igrejas que eles participaram. É uma verdadeira enxurrada de material ridicularizando este ou aquele pregador, esta ou aquela igreja, este ou aquele ministério. Isso me cansa. Esse enfado proclamado aos quatro ventos enfada também! Não quero dizer que não existam pastores maus, ou igrejas que manipulam ou exploram as pessoas. Mas a premissa de fazer disso uma regra é cansativa demais. Parece que ninguém mais presta!


Realmente não vejo sentido em ficar tanto tempo argumento contra algo, se a melhor opção seria sair de trás do computador , da sua zona de conforto e fazer algo de construtivo. Essa era a motivação de Jesus, afinal não vemos no NT ele reclamando o tempo todo do sistema judaico. O Senhor que muitos desses cristãos cansados de igreja dizem seguir mostrou sua insatisfação sim, mas agiu também. Jesus não ficou apenas fazendo piadas dos sacerdotes, nem escreveu textos ridicularizando os rituais e sacrifícios judaicos, tampouco incentivou os judeus sérios a simplesmente pararem de ir ao Templo. Da mesma maneira, os reformadores foram o que o nome indica, pessoas que buscaram reformar o que estava errado. Protestante no sentido de protestar contra o que estava ruim, errado, distorcido. Quando não conseguiram o que queriam, fundaram sua própria igreja. Sim, isso causou alguns problemas (e às vezes causa até hoje). Mas ao menos foi uma atitude coerente com o que pensavam.


Hoje em dia parece que é muito mais fácil ficar em casa apontando o dedo pros erros alheios. É fácil criticar todos os pastores e todas as igrejas como se fossem tudo a mesma coisa. Não sou cego aos problemas da igreja evangélica brasileira, nem penso que o cristão sincero não pode pensar. O que me cansa nisso tudo é ver que existem tantos ministérios sérios por aí, tantos missionários que dão sua vida pelo evangelho, tanta gente que só quer anunciar a salvação e viver pra Deus. Esse em geral eu não vejo eles escreverem nada, estão ocupados demais trabalhando em prol do Reino.


A maioria do pessoal que se diz cansado (ou livre) de igreja no fundo se acha melhor que nós, “os pobres coitados” que ainda acreditam que a Bíblia ensina que existe um corpo de Cristo e que esse corpo deve se reunir, algo instituído por Deus para que o evangelho seja anunciado. Gostaria realmente de saber até aonde vai o compromisso desse pessoal que se vangloria de estar cansado e de ter se libertado da instituição. Quantas pessoas eles levaram a Jesus no último ano? Quanto investiram do seu bolso na propagação do evangelho? Quanto tempo passaram orando por mudanças na sua própria vida? Orando pelos líderes que eles gostam de atacar? Uma resposta honesta seria bem-vinda. Acho que surpreenderia a muitos.


Poderia citar aqui muitos versículos para defender a igreja, mas não preciso fazer isso. Qualquer um que leia com honestidade o NT sabe como a igreja é retratada em suas páginas. Mas realmente estou cansado desse pessoal tentar fazer com que outros abandonem os bancos das igrejas. Já estive em igrejas em quatro continentes. Ela segue existindo, quer eles queriam quer não queiram. Por mais que se acuse e se ataque, tem dois mil anos que ela anda por ai e pelo que sei só terminará com a volta de Cristo.


Termino com um pedido e um lembrete. Pedido: Sua igreja está ruim? Faça sua parte para melhorá-la. Não deu, não quer? Abra sua própria igreja (não conheço outro termo bíblico para reunião de cristãos, sorry)! Aproveite essa disposição e inteligência que Deus te deu para ajudar outros a conhecer o caminho para Deus. E o lembrete? Meus caros irmãos cansados da igreja, Lucas 6:42 também vale para você “Como poderás dizer a teu irmão: Deixa, irmão, que eu tire o argueiro do teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.”


Este Texto foi publicado no blog dos 30 pelo Jarbas. Copiado do Blog Tomei a pilula vermelha.

Segue abaixo meu comentário...

Esse texto me chamou a atenção, até porque quis responder a mim mesmo e ao Jarbas que fez as perguntas, se tomei o caminho errado.

Bom, um breve resume de minha vida eclesiástica é que participei de duas instituições na minha vida, uma fiquei lá 17 anos e há outra 10 anos, nesta última alcancei alguns postos ministeriais, saindo de um simples levita e chegando a ser Bispo.

Posso garantir que nesses 27 anos de instituição, foram pouquíssimas as vezes que não me senti acusado, acuado, devedor, manipulado e manipulador, por causa dos tantos compromissos e responsabilidades, não com o reino de Deus, mas com o reino dos homens e para os homens.

Tem algumas coisas que fiz que me envergonho, só de lembrar como agora estou lembrando, Senhor perdoa-me.

Bom dito isto, vou responder as perguntas do Jarbas, com toda sinceridade que há no meu coração.

1) Quantas pessoas eles levaram a Jesus no último ano?

Fazem um ano e meio, que sai do sistema religioso institucional e denominacional, e sinceramente não tenho mais essa preocupação de “levar” pessoas a Jesus, tinha a preocupação quando era do sistema, aliás, lá se tem meta, desafios para isso, e não importa como se é feito, desde que se faça, podendo inclusive ameaçar a pessoa, se ela não for ela vai pra inferno, o diabo vai matá-la, ou se quiser ter uma vida boa, ter sucesso ou enriquecer basta vir até Jesus..

Hoje minha preocupação é aprender a amar o meu próximo, se isso é “levar” a pessoa a Jesus, então tenho feito com muita dificuldade, mas tenho aprendido que na liberdade de Cristo, tenho feito isto com muito maior empenho e alegria. E sinceramente não me lembro de “quantas” pessoas levei até Jesus, até porque não estou preocupados quão “quantas”, e acho que o Senhor também não, mas “como” tenho levado essas pessoas até Jesus.

2) Quanto investiram do seu bolso na propagação do evangelho?

Rapaz como eu ouvia e falava disso na instituição, alias eu explorava isso...me envergonho também...Senhor perdoa-me.

Para se propagar o evangelho de Jesus, não o evangelho dos evangélicos, o que menos se precisa é de dinheiro, não que não precise, mas é o que menos se precisa.

O que se precisa é amor, é doação da própria vida, é o compartilhar com o próximo, é o se dar uns aos outros, e nada disso tem haver com “quanto tenho investido do meu bolso”, tem haver com o que verdadeiramente eu sinto e vivo dentro do meu coração, apartir desse sentimento tudo o que tenho é para o outro, sendo para o outro, é para a propagação do evangelho de Jesus. É assim que Jesus dá o exemplo com o bom samaritano.

3) Quanto tempo passaram orando por mudanças na sua própria vida?

Confesso que não tenho orado do jeito que orava, na instituição. Hoje oro muito menos, até porque minhas orações eram muito mais ritualistas, orações para dar exemplo aos outros, era um mantra de uma ou duas horas para alcançar uma pseuda santidade, do que uma oração como as que Jesus deixou como exemplo.

Hoje oro muito menos, mas com mais objetividade, com o meu coração quebrantado sabendo quem sou, e diante de quem tenho me prostrado.

E Ele que sabe tudo, antes mesmo que alguma palavra chegue minha boca, me consola e me ajuda a viver as mudanças que preciso viver em minha vida.

4) Orando pelos líderes que eles gostam de atacar?

Olha seria eu um canalha e falso se dissesse aqui, que oro, que clamo pela vida de meus antigos lideres ou por aqueles que falo em meu blog, por isso eu me envergonho também...Senhor perdoa-me e me ajude a aprender a orar por eles.

Agora o que você chama de “atacar”, eu chamo de dizer a verdade, e aqueles que buscam a verdade, não podem ser condenados por isso. Mas como Jesus mesmo disse no texto que você citou de Lucas 6:42, reconheci a verdade que é Cristo e Ele tirou essa trave (instituição) de meus olhos.

Um grande abraço a todos.

Sempre no caminho e no caminho certo.

Olavo

quinta-feira, 2 de julho de 2009

FELIZ DO JEITO CERTO



A maioria dos religiosos subestima a simplicidade. Com seus adereços sagrados, indumentária distinta, termos e expressões próprias, intensa dedicação em belos rituais, nobres costumes e tradições requintadas eles se perdem da sutileza Divina. Ignoram a afabilidade do Pai e o Espírito singelo do Filho.

Um dos grandes perigos dos usos e costumes é que tais são muito passíveis de sobrepor o valor das pessoas. O pragmatismo religioso tende a visar não o envolvimento de amor com os perdidos, mas, a buscar os efeitos práticos desse envolvimento. Dessa maneira muda-se o foco das pessoas para o resultado advindo delas.

E quanto mais perto dessa mentalidade, menos práticos - por mais paradoxo que possa soar - e simplórios nos tornamos ao travar uma relação interpessoal. Quando nossas atitudes convergem na única prédica que é receber algo em função de um relacionamento, nosso comportamento equivale ao retinir do metal. Não haverá amor nem doação de nossa parte à outra pessoa porque não intentamos
simplesmenteamá-la, mas conseguir, da mesma, algum resultado esperado.

Queremos ser felizes em nosso contato fraternal. E equivocadamente tentamos conseguir isso de forma hipócrita e egoísta. Afirmamos a nós mesmos - por dever à consciência cristã - que amamos o próximo, mas, bem sabemos que o verdadeiro objetivo desse "amor" é alcançar alguma coisa por essa
pseudodoação de nós mesmos à outrem. Os religiosos tentam ser felizes quando relacionam-se com os perdidos porque esperam desse contato "efetivo" uma conversão em potencial - leia-se um efeito proselitista.

E essa dissimulação relacional nao infere apenas na realidade religiosa, mas, também em todas as esferas da nossa vida. Ansiamos alcançar a felicidade às custas do próximo camuflando nossas relações com aparência de altruísmo. Nos casamos esperando que o outro nos faça feliz. Tornamo-nos amigos esperando beneficiarmo-nos da amizade. Pregamos o Evangelho esperando satisfação no proselitismo do outro. E essa atitude invade o campo da relação com Deus manifestando-se através de barganhas e mimos. Não isentamos o próprio Deus de nossa imaturidade egoísta e lançamos sobre Ele a responsabilidade de nos pagar o tempo, dinheiro e energia gastos em oração, em jejum, em campanhas, em máscaras puritanas e contribuições vazias de neutras intenções.

Queremos ser felizes. Mas, exaurimos o outro para que alcancemos tal objetivo. Sugamos o carinho, a atenção, a disposição, a lealdade, o amor, o dinheiro, a admiração, o talento e a amizade dos outros para nós mesmos de forma a nos saciarmos. O outro é apenas um meio que proporciona-nos um pouco de felicidade. Mas, jamais o afirmamos isso a eles. E com certeza muito menos a nós mesmos. Mas, é fato que, quando não temos o caráter de Cristo estabelecido em nossa personalidade, somos usurpadores e impostores que valem-se de qualquer coisa e de todos para que sintamo-nos felizes. E, então, tornamo-nos seres complexos, cheios de dissimulação, de omissões e mascarados. Perdemos a simplicidade de amar somente.

E por isso não somos de fato felizes. Primeiro porque Cristo não habita plena e integralmente em nós. Depois porque não podemos ser felizes esperando que isso venha do próximo. Como se fosse obrigação dele nos fazer feliz por ser nosso amigo, nossa esposa ou eposo, nosso pai ou mãe. Só aprenderemos a felicidade quando percebermos que é quando despojamo-nos pelo próximo que somos "mais que felizes".

Seremos felizes quando conseguirmos inverter nosso papel egoísta nas relações com o próximo. E ao invés de esperar que ele nos faça feliz, faze-lo feliz primeiro. E tornar esse o objetivo majoritário de qualquer relação fraternal, conjugal... social. Fazer o outro feliz sem esperar que o mesmo tenha a mesma concepção que você. E, portanto, não ter expectativas de receber nada em troca.

Evangelize pensando em fazer o perdido feliz com as boas novas de Cristo. Case-se pensando em faze-la(o) a pessoa mais feliz do mundo. Faça um amigo por acha-lo interessante e querer contribuir com sua amizade. Cultive as amizades esperando doar-se e servir ao invés de ser servido. Honre ao invés de esperar ser honrado.

Quando alcançarmos tal nível de consistência em nosso jeito de ser, refletindo a imagem de Cristo, teremos alcançado não a felicidade crônica, mas, os momentos felizes que temperam a vida.

Thiago Mendanha
Fonte: Tomei a pilula vermelha